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A doação de órgãos de tubos em Sergipe como instrumento de representação de poder.
Última alteração: 2018-07-29
Resumo
A igreja Matriz de Laranjeiras (SE) abriga em seu interior um órgão de tubos ali instalado na segunda metade do século XIX. O instrumento foi doado à Matriz por Felisberto de Oliveira Freire, que posteriormente viria a receber o título de Barão de Laranjeiras. A cidade foi um dos mais desenvolvidos centros políticos, econômicos e culturais da província de Sergipe durante o século XIX. Localizada no Vale do Cotinguiba e marcada pela plantação de cana de açúcar, tinha nos Senhores de Engenho a maior representação da aristocracia local. No entanto, faz-se fundamental ressaltar que o doador do referido instrumento, o Senhor de Engenho Felisberto Freire, não era proveniente e nem residia em Laranjeiras, mas em Itaporanga d’Ajuda, onde se situavam suas terras. Neste sentido, podemos considerar que essa doação estaria carregada de significado político e social. Este tipo de mecenato ocorreu em outras cidades da região: o órgão doado pelo comerciante alemão Otto Schramm à Matriz de Maruim e o órgão da Catedral Metropolitana de Aracaju, pelo Barão de Aracaju, ambas cidades relevantes no cenário político sergipano, à época. O presente estudo tem por objetivo discutir a doação de órgãos de tubos em Sergipe como instrumento de representação de poder, através da construção de imagens públicas e políticas. Para além das representações iconográficas dos mecenas em questão, aludiremos igualmente à obra do pintor Claudio Coello, La Sagrada Forma. O quadro compõe o arsenal iconográfico da Basílica Real de San Lorenzo de El Escorial. Nele, dentre outros elementos, encontra-se retratado o órgão de prata de Felipe II, uma das máximas expressões do órgão enquanto aparato de representação de poder.
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