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Da dominante à tônica nas rotas do Atlântico: os casos de Ignacio Ribeiro Noya e Manuel de Almeida Botelho, suas práticas musicais e redes de sociabilidade na Vila do Recife durante o século XVIII
Gilson Chacon Oliveira

Última alteração: 2017-07-05

Resumo


O presente artigo sintetiza um esforço reflexivo acerca dos músicos inseridos no império ultramarino português durante o século XVIII. O nosso recorte contempla especificamente a vila do Recife. Dedicamos atenção particular às condições sociais nas quais estabeleciam suas formações, práticas e compartilhamentos sociais. Procuramos discutir a construção de suas redes de sociabilidade, no entendimento de que o estudo sobre os sujeitos no "espaço-tempo" aqui abordado traz consigo uma série de variáveis a serem apreendidas no que diz respeito à cor, às condições sociais e aos espaços de atuação. A reflexão sobre as experiências musicais nos domínios da América portuguesa implica considerar a circulação e atuação de grupos intermédios, nos quais a presença negra e "mestiça" predominava. Procuramos estabelecer uma articulação interdisciplinar entre a produção historiográfica e musicológica recente e textos que permitem o acesso às perspectivas investigativas colocadas em prática pela etnomusicologia. Na rota dessa articulação, tomamos como objeto de estudo alguns episódios relacionados a dois músicos específicos: Ignacio Ribeiro Noya e Manuel de Almeida Botelho. A análise de partes das suas trajetórias torna-se pertinente, uma vez que, amparados também na etnomusicologia, buscamos compreender os sujeitos estudados como "gente que faz música em determinado tempo-espaço" (LUCAS, 2013, p. 12). Assim, estudamos as informações a respeito dos dois músicos e de suas trajetórias a partir das anotações e publicações do musicólogo Jaime Diniz, de relatos, crônicas e da documentação das irmandades religiosas e do Arquivo Histórico Ultramarino. Como fio condutor para a escrita do texto, orientamo-nos pela tentativa de compreender o que é o "ofício da música" e o "ser músico" na vila do Recife durante o setecentos e quais os compartilhamentos desses músicos com as elites locais e com seus pares de ofício.

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