Última alteração: 2017-06-18
Resumo
Este trabalho apresenta a iconografia relacionada à música na fachada do prédio da antiga Escola de Agronomia Eliseu Maciel (1881), e na sala de música da antiga residência do Conselheiro Maciel (1878). Ambas as decorações foram executadas em estuque, a metodologia aplicada foi a do inventário como instrumento inicial para salvaguarda destes bens integrados a arquitetura, que apesar de politicas de proteção seguem sendo descartados por falta de valorização. Localizados no centro histórico da cidade de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, os prédios são exemplares do Ecletismo Historicista e foram edificados no período de apogeu econômico da cidade, decorrente da produção e exportação do charque e de seus subprodutos pela indústria saladeril. Entre 1860 e 1890 deu-se o apogeu da produção, quando mais de trinta áreas de salga se desenvolveram nas margens do Arroio Pelotas, que deu nome à localidade. As exportações contribuíram para as importações dos mais variados produtos originados do mundo europeu. Nas técnicas decorativas agregadas à arquitetura historicista eclética, os revestimentos com base de cal, gesso e agregados finos, como o pó de mármore e os pigmentos aplicados em camadas, se prestaram para os enfeites artisticamente complexos, como: os afrescos, semi-afrescos, os grafitos e os esgrafiados os fingimentos de mármores e outras superfícies pétreas, os trompe - l'oeil que simulam lambris de madeira, os baixos relevos e os altos relevos de estuque, que são o foco da comunicação proposta. Tanto nas superfícies murais externas como nas internas dos edifícios pelotenses, os elementos estucados foram amplamente desenvolvidos: nas rusticações das fachadas, nas decorações que encimam as portas e janelas, nos ornatos que enriquecem os tímpanos dos frontões. Nos ambientes interiores os estuques em relevo foram empregados, sobretudo, nos tetos das principais salas das construções residenciais e administrativas, nas residências os ambientes eram decorados conforme o uso, sendo a sala de musica, ambiente obrigatório nas casas senhorais. Exemplares que hoje se somam ao patrimônio cultural da cidade. No frontispício da antiga escola de Agronomia Eliseu Maciel, instrumentos musicais estão representados entre outros objetos ligados ao desenho e à literatura, em local privilegiado, nas paredes laterais da porta de entrada ao interior do edifício. Na antiga residência do Conselheiro Maciel, as salas do corpo principal da casa recebem ornamentações estucadas, cuja iconografia pré-moldada ou moldada em loco remete às funções que cumpriam os diferentes ambientes, como por exemplo: pratos e talheres, animais de caça e frutas na sala de jantar. Na sala de música, onde eram recebidos os convidados para os saraus característicos da época, o forro é decorado com diversos adornos relacionados à música como a lira, a musa inspiradora , putis com instrumentos de sopro etc. As representações empregadas faziam parte do repertório decorativo encontrado em catálogos e manuais de ornamentação, cujas peças podiam ser importadas ou copiadas e multiplicadas em oficinas que se criaram na cidade. Muitas foram executadas in loco por artífices estrangeiros ou artesãos da região. Sobre essas decorações discorrerá a comunicação projetada. São registros materiais das ideologias do proprietário, no caso da residência elencada, e dos ideais positivistas da direção da entidade, no caso da Escola de Agronomia Eliseu Maciel.
Referencias:
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