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Simbolismo e tardo-modernidade da Europa à Amazônia: uma reflexão sobre imagens de cantores e personagens de óperas de Mascagni, entre os séculos XIX e XX
Luciane Páscoa

Última alteração: 2017-08-26

Resumo


Entre 1850 e 1910, a Amazônia viveu o auge econômico do Ciclo da Borracha, gerando vultosas arrecadações ao Amazonas e ao Pará. Ambos receberam enorme fluxo de estrangeiros e brasileiros de outras regiões e as capitais destes estados tiveram um rápido desenvolvimento urbano. Os ganhos culturais decorrentes do crescimento econômico e social beneficiaram a população de Belém e Manaus, que se revelou ávida pelo teatro musical. Em meio a operetas e revistas, a ópera foi o gênero com maior sofisticação pela dimensão dos recursos envolvidos, pela associação de habilidades artísticas para realizá-lo e a pretensão em trazer artistas e companhias inteiras da Itália e da França, anualmente. Como consequência da difusão da música em Manaus e Belém, alguns músicos que haviam estudado no exterior decidiram vir escrever para o teatro lírico. Ao verificar a diversidade de manifestações culturais e artísticas em Belém e Manaus durante o Ciclo da Borracha, observou-se a ausência de estudos referentes à iconografia e iconografia musical no que concerne à imagem dos artistas viajantes do teatro musical neste período. Tais estudos pretendem aprofundar o conhecimento sobre a estética visual presente na fotografia da segunda metade do século XIX. É de grande interesse o conjunto documental fotográfico que, mesmo disperso, reúne informação importante sobre a vida musical, a estética e os elementos cênicos usados nos espetáculos da época. O interesse pelo documento fotográfico ampliou-se a partir da segunda metade do século XX, com a "dilatação do campo do documento" quando os historiadores passaram a considerar categorias variadas de testemunho. Pierre Francastel, sob influência da Escola dos Annales, argumentou que o documento artístico é ao mesmo tempo revelador de saberes técnicos e de esquemas de pensamento, e pode ser considerado tão seguro quanto um documento escrito. É sob tal viés que se discute um conjunto fotográfico com imagens de artistas viajantes em trânsito nas cidades de Manaus e Belém, oriundos de companhias artísticas de teatro musical. Almeja-se contribuir com informação histórica, artística e estética para recompor um patrimônio cultural, partindo da premissa de Adorno de que não se trata de conservar o passado, mas de realizar a sua esperança.

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