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Leopold Sédar Senghor e Mateus Aleluia: o imaginário em Koumba Tâm
Valquíria Alexandre Câmara, Beatriz Magalhães-Castro

Última alteração: 2021-04-29

Resumo


As performances musicais do cantor e compositor Mateus Aleluia compreendem também as referências que este faz a Léopold Sédar Senghor por citações, no palco, e principalmente, pela poesia musicada, a exemplo de Masque nègre, da obra Chants d'ombre, de 1945. A coleção de poemas de Chants d'ombre teria sido escrita durante o período no qual Senghor esteve preso em campo de concentração nazista (1940-1942), já que o poeta e primeiro presidente de Senegal, pós-colonização, integrou os Tirailleurs Sénégalais, senegaleses que lutaram, na França e Europa, contra o nazismo (PATSIS, 2016). Presente no álbum Cinco Sentidos, de 2009, sob o título Koumba Tam, Marque nègre, revela as iconografias das experiências de Senghor. Essa música/poesia, convite a conhecer Senghor em Mateus Aleluia, nos levará às pinturas de Picasso (para quem Senghor dedica Masque nègre), às simbologias das máscaras e à própria Koumba Tam, que no dicionário de Senghor pode ser definida como "deusa sérère da beleza" (BOURREL, 1987, p. 28), sérères, sua etnia de origem. Interessante notar, que a face de Koumba Tâm, faz-se presente, ainda, no poema Song (For two flutes and a far-away tom-tom). Dessa forma, pretendemos neste texto identificar essas conexões entre os elementos iconográficos do poema-canção, perpassando por Chants d'ombre, de Senghor, pelo referido Picasso, e pelos Cinco Sentidos, de Mateus Aleluia, acreditando que a música possibilita a experiência do poeta em seu interior, por meio dos recursos do canto e declamação, em acompanhamento instrumental. Assim, teremos como base bibliográfica o livro Senghor et La Musique (2006), organizado por Daniel Delas, da Universidade de Cergy-Pontoise, e Souleymane Bachir Diagne, com Léopold Sédar Senghor: L'art africain comme philosophie (2007). Este último destacará a postura hermenêutica de Senghor, no esforço de desmonstrar a constituição da linguagem nas artes africanas. Seguiremos, assim, a proposta da releitura de Senghor e suas simbologias de afluências no ritmo e no tom de Koumba Tâm.


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