Última alteração: 2021-08-17
Resumo
A obra de Cornélio Pires é de significativa importância para a cultura popular brasileira. Os seus livros, crônicas, músicas, filmes, apresentações artísticas, entre outras produções, compõe um acervo de grande riqueza para o estudo histórico e sociológico do país. No entanto, um dos maiores atributos dados a Cornélio Pires é o de ter sido aquele que fez os primeiros registros fonográficos da música caipira no Brasil. Em 1929, Cornélio produziu os primeiros discos 78 rpm pela gravadora Columbia. Mesmo desacreditado pela direção da gravadora que lhe exigiu o pagamento à vista, seis discos foram lançados em maio de 1929, numa tiragem total de 30 mil unidades. As produções seguiram até novembro de 1930, num total de 53 discos. Essas gravações renderam a Cornélio o reconhecimento de ser o primeiro a registrar em fonogramas a música caipira. Porém, ao que tudo indica, boa parte da obra desse autor ainda passa despercebida. Ao ouvir as faixas do Selo Vermelho, nos surpreendemos com a variedade de registros. Basta um sobrevoo, sem detalhamentos, e chegaremos à conclusão de que Cornélio colecionou variados estilos do que havia na época e que marcava fortemente a cultura brasileira. É claro que a música caipira predomina. Das 102 faixas pesquisadas, 54 são de música caipira, o que era de se esperar de um produtor nascido em Tietê, interior de São Paulo. Em seu artigo, Feitoza (2020) propôs a seguinte divisão para as faixas do Selo Vermelho: primeiramente traz uma Classificação Geral de estilos e depois detalha um dos estilos, as Músicas. Na Classificação Geral constam: Anedotas, Versos Poéticos, Imitações de Aves e Animais e Músicas. Esta última, se desdobra em Música Instrumental, Músicas Caipiras, Músicas de Danças Regionais, Músicas Regionais Nordestinas, Serestas e Marcha. Neste trabalho pretendemos nos aprofundar nesses registros o Selo Vermelho a partir dos registros iconográficos, demonstrando que as representações da obra de Cornélio transcendem a música caipira e que o Selo Vermelho retrata o contexto social e político efervescente do Brasil nas primeiras décadas do século XX.