Última alteração: 2021-04-29
Resumo
Xisto de Paula Bahia (1841-1894), ator, cantor e compositor baiano que floresceu e se destacou no cenário nacional da segunda metade do século XIX, é reconhecido na historiografia da música brasileira como importante agente da construção da identidade musical do nosso país e pela sua contribuição na composição e divulgação dos gêneros Lundu e Modinha. Também foi aclamado, ainda em vida, pelo caráter nacional de sua interpretação teatral, num momento em que o teatro brasileiro começava a encontrar a sua identidade através das operetas, mágicas, revistas do ano, etc, que, embora muitas vezes baseadas no repertório europeu, eram adaptadas para costumes e tipos brasileiros.
São conhecidas poucas gravuras e retratos de Xisto Bahia. Entre estes, esta proposta de comunicação selecionou cinco bustos e duas imagens do ator caracterizado de personagens que interpretou, e que representam fases que vão de sua juventude até a proximidade de sua morte, aos 53 anos. O propósito é fazer análises iconográficas preliminares que tentarão oferecer elementos para reflexões iniciais acerca de sua etnia e do envelhecimento precoce que parece se evidenciar no corpus iconográfico. Autores como Erwin Panofsky e Peter Burke serão considerados em seus métodos e conceitos de análise iconográfica, bem como o trabalho de Pablo Sotuyo e Gustavo Benetti sobre a etnia de Guilherme de Mello. Também serão utilizadas notícias de jornais de época que forneçam informações que permitam enriquecer e ampliar a referida análise iconográfica, possibilitando uma melhor contextualização. Em adição, serão considerados conteúdos que problematizem ideologias vigentes à época como embranquecimento racial e determinismo geográfico, além de dados que esclareçam alguns elementos da qualidade de vida e condições de saúde pública no Rio de Janeiro da última metade do século XIX.