Última alteração: 2021-04-29
Resumo
A pesquisa etnográfica é fundamental para desvelar as redes de significação que sustentam as identidades e se projetam em projetos artísticos. Por ela emergem não são só as concretudes de uma determinada cultura, mas, também, inúmeros aspectos de uma subjetividade que localizam "na" cultura as pontes de significação dos objetos artísticos, por exemplo. A autoetnografia avança nesse sentido, pois ela transcende o observador e mergulha o lugar de fala dentro da cadeia primordial de formação de sentido e discursos. Por sua vez, a iconografia é um objeto que emerge nos campos etnográficos com extrema potencial para preencher elos indizíveis e revelar os universos paralelos que todo dizer traz consigo. O presente trabalho tratará de apresentar uma pesquisa realizada com alunos da Zona Leste de São Paulo, região periférica da Metrópole, sobre seus locais de formação de escuta. Ela trata de mapear as paisagens sonoras, espaços de escuta e estruturas de intercâmbio para entender os discursos implícitos de formação de identidade e territorialização da cultura musical. A primeira etapa da pesquisa estimulou as narrativas individuais de trinta indivíduos sobre como se formou seu gosto musical. A apresentação dessas narrativas vieram, majoritariamente, acompanhadas de imagens que "sustentavam" as narrativas, ou, em muitos casos, substituíam o som por imagens. Essa comunicação tratará de sistematizar as categorias de imagens; contextualiza-la nos espaços de escuta e, por fim, encontrar contiguidades que as relacionam a uma geografia cultural e alinhamentos com discursos de identidade. Por fim, tratará de discutir como a imagem, em tempo de hipercomunicação, tornou-se um suporte tão importante como o som, na definição da escuta.