Última alteração: 2018-07-29
Resumo
Este trabalho vem sendo desenvolvido com enfoque no estudo, digitalização e análise dos programas de concerto realizados no Auditório, palco principal das atividades artísticas promovidas ou desenvolvidas por professores e alunos do Instituto de Artes da UFRGS, observando as especificidades e características da documentação.
Tendo em vista que o trabalho encontra-se em fase inicial oferecemos nesta comunicação algumas conclusões preliminares, observando e analisando os elementos iconográficos gregos e os anúncios publicitários presentes nos programas de concerto no período de 1917 à 1929 e de 1951 à 1954.
Nos programas de concerto, além das informações sobre artistas, curriculum, fotografia e o repertório do concerto, elementos gregos e, surpreendentemente, anúncios publicitários são recorrentes. Rapazes e moças tocando liras e harpas dividem lugar com anúncios de professores de música, eletrolas, novos produtos e eletrodomésticos para o lar, ilustrados por sorridentes moças de cabelos curtos.
Este elementos podem apontar para a importância do recital como evento social e artístico, observando como na época analisada era interessante e aceitável imprimir determinados anúncios publicitários em programas de concerto, remetendo à um universo de modernidade e mundanidade que parecia pertencer exclusivamente aos periódicos e às revistas ilustradas.
Ainda que os programas de concerto sejam documentos diretamente relacionados ao evento para o qual foram produzidos, configuram-se também elementos memoriais, e formam parte de acervos pessoais e institucionais. Assim, reafirma-se sua validade para a musicologia, como elementos importantes para analisar a produção e recepção do concerto como evento social, observando a forma como são percebidos socialmente, e como constroem referencias de significado com a sua época e contexto.
Assim, os programas de concerto oferecem, a partir desta analise iconográfica, tipologias que apontam para elementos de dualidade: por uma parte referências à elementos gregos, possivelmente por seu potencial ideal civilizatório, e por outra parte, a presença da modernidade urbana, potenciadas em sorridentes moças que proclamam as delicias das eletrolas, orquestrolas e novidades tecnológicas para o lar.