Última alteração: 2015-06-22
Resumo
Os mestres de música e dança (criadores de música e dança) eram figuras importantes na sociedade europeia. Eles foram responsáveis pela instrução das altas classes fornecendo-lhes a privacidade desejável num ambiente doméstico. O seu papel como professores e coreógrafos é muito significativa mas muito poucos estudos têm sido realizados sobre o seu papel na sociedade barroca portuguesa. Apenas o livro do investigador português Daniel Tércio incide sobre este tema específico. A recente descoberta de novas fontes (cartas, tratados de dança, gravuras, cerâmica) da segunda metade do séc. XVII e primeira de XVIII permitiu novos estudos e novos dados sobre os seus papeis na sociedade portuguesa. É o objetivo deste trabalho analisar questões de moda neste período em relação à música e dança e sua relação especial com a actividade profissional dos mestres de música e dança. Algumas perguntas podem surgir, tais como: Qual foi o repertório na moda? Quais os instrumentos musicais utilizados? Seriam as aulas de música uma possibilidade para as mulheres? Esses são alguns dos temas que serão estudados neste trabalho. Também será apresentada uma cena satírica sobre as lições do mestre de música. É um painel de azulejos da segunda metade do século XVII, ainda in loco no Palácio Fronteira, em Lisboa. O painel retrata uma lição de música, mas o mestre de música é um macaco e seus alunos são gatos. Este tipo de fontes são chamados de '' macacarias ou cenas de macacos”, que, de um modo muito particular, escarnecem a sociedade portuguesa da época. O estilo das 'macacarias' nacionais é muito semelhante às pinturas de Tenier e as semelhanças e diferenças entre as duas estéticas serão analisados, bem como a presença de exotismo na arte portuguesa devido à descoberta de novos territórios na América Latina, África e Ásia.