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Atlântico Negro: conexões percussivas diaspóricas
Luciano da Silva Candemil

Última alteração: 2017-06-07

Resumo


Esse trabalho relata a produção do recital autoral "Atlântico Negro - Conexões Percussivas Diaspóricas", que foi desenvolvido como uma atividade obrigatória para a conclusão do Curso de Bacharelado em Música da Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, sendo registrado oficialmente com fotos e vídeo. Trata-se de uma produção de caráter artístico dentro do universo acadêmico que teve como objetivo evidenciar a percussão popular como um elemento de representação de culturas de matriz africana presentes na América Latina. Nesse sentido, será explicitado de que maneira as imagens oriundas de CDs e de livros estão relacionadas com a elaboração dessa performance. A realização de um recital público está previsto na Resolução nº 119 da própria universidade (UNIVALI, 2011), porém fornece liberdade ao acadêmico para efetuar suas escolhas musicais, contando com a orientação do professor titular do instrumento. No que se refere à iconografia musical, a capa do CD Orishás de Dudu Tucci (1994) tem um atabaque como elemento central, destacando a importância do instrumento de percussão para o contexto ritualístico do candomblé. Então, foi a partir dessa imagem que surgiu a concepção de eleger a percussão como eixo norteador do recital. Inicialmente a intenção era apresentar um repertório autoral de peças de percussão inspiradas nas músicas tradicionais afro-brasileiras. No entanto, influenciado pela capa do livro "O Atlântico Negro" (GILROY, 2006) surgiu o pensamento de criar uma conexão musical com outras regiões da América Latina, como Cuba e Peru. É da capa deste livro que foi extraído o título do presente recital. Desse ponto em diante, novas composições foram surgindo mediante contato com outras bibliografias das quais destacamos: Verger (2002), Frungillo (2003), Cruz (2004), Lopes (2004), Ortiz (1995) e Guerreiro (2010). Além das questões musicais, esse recital teve um caráter cênico que foi influenciado pelas tematizações expostas nas narrativas e nas imagens contidas no referencial teórico. O recital contou também com a execução simultânea de uma exposição fotográfica que faz parte do acervo da Fundação Pierre Verger disponibilizado na internet. As imagens apresentadas como cenário artístico, coletadas pelo etnólogo durante viagem realizada no Congo, Daomé, Haiti, Cuba e Brasil, foram utilizadas com o intuito de dialogar com a execução musical. Dessa maneira foi possível demonstrar que no processo de continuidade histórica, os instrumentos de percussão foram reelaborados culturalmente, no entanto, o caráter coletivo das performances e sua relação com a dança e com o canto foram mantidos.



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