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Violoncelo piccolo a 4 e 5 cordas: uma análise através das fontes iconográficas históricas
Edoardo Sbaffi

Última alteração: 2017-06-09

Resumo


Perante uma terminologia contraditória, ambígua ou imprecisa frequentemente utilizada nos tratados musicais históricos a análise iconográfica representa um válido campo de investigação científica no âmbito da organologia histórica. Pinturas e esculturas podem deteriorar-se com o passar dos séculos, mas são uma referência "certa" do que havia e se fazia numa determinada área geográfica e num determinato período. É importante porém saber interpretar corretamente esta preciosa fonte: alguns artistas estavam pouco interessados ao realismo dos instrumentos representados ou à postura do músico (de onde nós deduzimos, respectivamente, as caraterísticas organológicas e as técnicas executivas). A postura, por exemplo, podia ser modificada por razões de uma maior eficácia estética. Acontece ainda com alguma frequência que o número de cravelhas não corresponde ao número de cordas nas representações dos instrumentos de cordas. A técnica utilizada para a representação simplesmente não terá permitido a execução da quantidade certa de linhas sutis e paralelas no espaço exíguo: o realismo não pôde assim ser mantido.

Esta pesquisa dedica-se a investigar a presença, o uso e as técnicas executivas de uma variante do violoncelo barroco: os violoncelos de pequenas dimenções (violoncello piccolo) a 4 e 5 cordas ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII. À rigor este instrumento não deveria-se chamar de violoncello pelo menos até o fim do século XVII visto que este é um termo que foi utilizado pela primeira vez em 1665 (em ARRESTI, G.C. Sonate a & a Tre con la parte del violoncello a beneplacito Op.IV, Ed. Magni, Venezia) e demorou mais de cinquenta anos para ser aceite universalmente. O instrumento porém existe bem antes do seu nome: utilizando um corpo muito parecido, se não idêntico; tinha simplesmente uma afinação diferente.

O uso destes peculiares modelos de baixos de corda friccionada é difícil de demonstrar através de documentos escritos (tratados históricos) porque a classificação organológica era ainda muito imprecisa nesta época. Uma outra fonte de pesquisa, os instrumentos originais conservados em museos e coleções particulares, apresenta o problema de evidenciar constantes dúvidas de autenticidade: era prática frequente intervir no instrumento e "modernizá-lo" adaptando-o às novas exigências do mercado musical. Estas intervenções dos liuthiers do passado são difíceis de individuar e representam um obstáculo quando se trata de definir pormenores organológicos e elementos caraterísticos das diferentes épocas partindo da observação direta dos instrumentos antigos.

Uma coletânea de frescos, pinturas a óleo e gravuras dos séculos XVI, XVII e XVIII refigurantes destes modelos de baixo irão ser apresentadas e interpretadas seguindo uma ordem cronológica.