Portal de Eventos Científicos em Música, 5º Congresso Brasileiro de Iconografia Musical

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Iconografia dos instrumentos musicais na Magna Grécia: o testemunho do sistro ápulo
Eduardo Christmann, Fábio Vergara Cerqueira

Última alteração: 2020-04-11

Resumo


A presente pesquisa foi desenvolvida no âmbito do projeto "Representações iconográficas de instrumentos musicais na pintura dos vasos ápulos: relações interculturais greco-indígenas na Magna Grécia (século V e IV a.C.)", sob orientação do Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira com apoio do CNPq, e participação do então graduando Eduardo Christmann como bolsista ligado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, no período de 2017 a 2019. Foram catalogados e analisados vasos de cerâmica produzidos na Apúlia (Magna Grécia), sul da Itália, área de colonização grega, nos quais está representado o instrumento musical conhecido como sistro ápulo.

A colonização grega do Mediterrâneo, processo que cobriu longo período de tempo e extensão geográfica, liga-se geralmente à escassez de terras e pressão demográfica na Grécia "metropolitana", busca de recursos metalíferos, interesses comerciais ou problemas políticos. Na Apúlia, destaca-se Tarento, cidade que, fundada em 706 por colonos espartanos, adquiriu preeminência regional graças à sua prosperidade econômica, a qual, por sua vez, está ligada a uma grande pujança cultural e artística, que inclui a produção cerâmica.

Na decoração de vários vasos é representado o instrumento musical chamado sistro ápulo, objeto de debates entre estudiosos e que permite diversas interpretações. Em suas representações possui desde diferenças organológicas ou físicas até diferenças contextuais ou "de cena", que apontam para usos ou simbologias diversos. O repertório de cenas inclui representações do naiskos (edifício funerário) ou da estela funerária, cenas de visitação ao túmulo e outras similares, bem como cenas de preparação para o casamento ou então as do gineceu (espaço da casa reservado às mulheres) além das de contexto erótico. Interpretações o associam às divindades Afrodite, Eros e Dioniso e seus respectivos cultos, num ambiente sincrético, e indicam um significado erótico-escatológico associado à realização amorosa no além-túmulo.

A profusão de aparições do sistro ápulo parece indicar que o instrumento teve grande importância para a cultura ápula e talvez magnogreca, considerando-se a sua presença também na Campânia. Trata-se de campo de estudos que permanece aberto a discussões e novas abordagens, para as quais procedeu-se à elaboração de um catálogo temático.

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