A presente comunicação visa apresentar à comunidade acadêmica os resultados parciais de estudos comparativos entre as pinturas de cavalete de Santa Cecília existentes na Catedral Basílica de São Salvador e no Museu de Arte da Bahia – MAB. Ambas possuem dimensões e características semelhantes e podem ter sido inspiradas em uma pintura barroca. O exemplar existente no Museu de Arte da Bahia é proveniente da Coleção Jonathas Abbott e de autoria do pintor Francisco da Silva Romão, falecido da cidade da Bahia em 1856. Por sua vez, a pintura que hoje se encontra no coroamento do retábulo da capela de São Pedro, na Catedral Basílica, é de autor desconhecido. Essa apresenta informações relevantes grafadas no suporte, que a distingue do exemplar existente no Museu de Arte da Bahia, assim como da pintura de Francesco Trevisani (1656-1746) – Personificação da música, uma mulher toca alaúde – exemplar que possivelmente inspirou as obras dos pintores no século XIX. A proximidade com o exemplar existente nas dependências da Catedral Basílica em virtude da restauração ocorrida entre 2015 e 2018, nos permitiu constatar a existência de uma partitura pintada no suporte, além de outras informações como “Cecilia a Domino decantabat” e “pela meza de 1861”, informações essas inexistentes na pintura com o mesmo título e de autoria de Francisco da Silva Romão. A análise e interpretação de elementos históricos, iconográficos e iconológicos nos conduzem a um estreitamento entre pintores e músicos na Bahia do século XIX, inclusive com a Mesa da Irmandade de Santa Cecília, a possível referência na datação de 1861 que se encontra no suporte. Esse estudo contribui, igualmente, com algumas revisões bibliográficas e com novas hipóteses para os exemplares existentes.

Palavras-chave: Santa Cecília. Iconografia musical. Catedral Basílica de Salvador. Pintura no século XIX.