A Escola de Belas Artes (EBA) da UFBA acaba de completar 140 anos de fundação. Essa instituição durante muito tempo foi o principal centro de cultura das artes plásticas/visuais na Bahia, influenciando centenas de artistas que ali estudaram. Entre seu patrimônio artístico, consta diversos trabalhos nas técnicas de desenho, pintura, escultura, fotografia e gravura, revelando diversas temáticas dentro da produção artística ligada aos seus professores e alunos.
A EBA permaneceu anexada por quase 20 anos ao Conservatório de Música da Bahia e a partir dessa relação, esperávamos encontrar muitos exemplos da iconografia musical durante essa parceria, principalmente por se tratar de uma escola implantada em uma cidade com forte influência musical.
Enquanto tema, o acervo mantém poucos exemplos ligados à música, o que nos deixa curiosos. Essa ausência pode ser explicada, em boa parte, pela imposição das metodologias desenvolvidas dentro da acadêmia, ainda vigentes até a metade do século passado, e mesmo com a liberdade temática facilitada pelas ideias modernas a partir dos anos de 1940, o acervo não conserva muitas obras relacionadas a iconografia musical, o que não prova que não estivessem presentes nas produções dos artistas ligados a escola.
Com a criação da Galeria Cañizares, na década de 1970 a Escola de Belas Artes passa a fazer grandes exposições e algumas obras foram doadas pelos expositores, enriquecendo o nosso acervo. Ainda hoje é uma tradição dentro da EBA que seus professores e também antigos alunos doem alguns de seus trabalhos para o acervo.
Não propomos com esse breve artigo desenvolver uma análise aprofundada dessas obras, e sim entender quais os principais temas preservados em nosso acervo e apresentar alguns aspectos históricos ligados à sua formação. Utilizaremos para tanto, o arquivo histórico da EBA/UFBA, listas de tombamento das obras e conversas com restauradores e antigos professores.