Portal de Eventos Científicos em Música, 5º Congresso Brasileiro de Iconografia Musical

Tamanho da fonte: 
A fotografia na construção da memória de Escolas de Música: o Acervo do Curso de Música da Universidade Federal de Uberlândia
Samuel Alexandre Alves de Lima, Lilia Neves Gonçalves

Última alteração: 2020-04-11

Resumo


Uma instituição de ensino produz memórias pelos sujeitos sociais que envolve. Inscritas em fotografias e organizadas em álbuns, essas memórias conectam momentos, pessoas e espaços a partir de um imaginário que orienta os olhares, os focos e as margens. A educação musical, tendo em vista pesquisas recentes, encontra nesse imaginário social uma fonte para novos estudos dos processos de apropriação e transmissão musical nas práticas sociais. É nesse âmbito que fotografias do Acervo do Curso de Música da Universidade Federal de Uberlândia se tornam objetos de pesquisa para a investigação da criação do Conservatório Musical de Uberlândia e do Curso Superior de Música, instituições criadas ao mesmo tempo que foram/são imprescindíveis no discurso e no processo de modernização da cidade a partir da década de 1950. Esse acervo, composto por 1710 fotografias dispostas em 29 álbuns e envelopes, está em processo de organização e catalogação, e traça uma linha histórica que vai do ano de 1957 a 2004 - período que compreende a criação e a estadualização do Conservatório, bem como a criação do Curso de Música que foi integrado à Universidade de Uberlândia e federalizada em 1978. Ambos eventos significativos no fluxo social da região. Considerada uma pesquisa documental e situada no âmbito dos estudos sobre as instituições escolares, esta investigação tem como fundamento teórico o pensamento de Chartier sobre representações que, na concepção desse autor, não são discursos neutros, mas produzem práticas e estratégias, legitimando escolhas e impondo hierarquias. Do ponto de vista da memória, as considerações de Michel Pollack sobre a construção do esquecimento orientam a discussão em torno da preservação histórica e das "memórias subterrâneas". Nessa perspectiva, na memória dessas duas escolas de música, a fotografia se fez um importante recurso para a representação não só de sua identidade, dos princípios que orientavam seu currículo, mas também dos grandes nomes que se apresentavam e ministravam aulas. Além disso, diferentes pontes musicais com outros espaços e situações na cidade foram criadas na narrativa de uma história visual da música em Uberlândia. No contexto político, as fotografias posicionam tanto o Conservatório de Música quanto o Curso de Superior de Música em questões de poder, ideologia, raça, gênero e classe, uma vez que, pela interdição do olhar, analisa-se o desencontro entre o imaginário e o fotografado. Dessa forma, o presente trabalho tem como proposta discutir, a partir do estudo de um Acervo, a iconografia da educação musical em suas contribuições para a pesquisa de práticas pedagógico-musicais e instituições de ensino musical.

Texto completo: PDF