Portal de Eventos Científicos em Música, 6º Congresso Brasileiro de Iconografia Musical

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Kind of Blue e Kind of Choro: representações de pontos de escuta e do lugar do músico
Pablo Garcia Costa, Beatriz Magalhães-Castro

Última alteração: 2021-04-29

Resumo


Penumbra, de K-ximbinho é apresentada em sua discografia em duas formas com arranjo, organização entre tema e improviso e formação instrumental distintos. A partitura foi publicada em 1956, gravada em LP pelo Quinteto de K-ximbinho no álbum Em Ritmo de Dança vol. 3 de 1958, e posteriormente em 1981 no disco Saudades de Um Clarinete, também de K-ximbinho. As gravações se diferem na formação do conjunto instrumental, e enquanto a gravação de 1958 se assemelhava aos conjuntos que tocavam nas boates durante as décadas de 1950 e 1960 na cidade do Rio de Janeiro e o principal solista era o clarinete, na segunda gravação, de 1981, sugere a formação de um regional de choro onde o solista ainda é o clarinete junto ao cavaquinho. Descrever esse conjunto específico em cada gravação, destacado como o primeiro ponto da entrada da modernidade e o segundo ponto como a saída desse processo, revela como elemento extramusical que as escolhas de K-ximbinho estavam orientadas segundo noções de organização de conteúdos que o compositor considerava como inovadores e tradicionais; um grupo de 1958 seria o moderno, o grupo de 1981 com regional de choro, seria o tradicional. Em 2019, Penumbra foi a primeira música arranjada para ser tocada pela Choro Grande Banda, grupo criado no contexto do projeto Grupo de Choro da UECE, como atividade de Iniciação Artística e Projeto de Extensão. Travassos (2005), segundo o conceito de ponto de escuta, também nos leva a refletir sobre a música popular brasileira em lugares como a academia, o bar, a roda, a festa, todos localizados em uma mesma cidade. A partir da identificação desses lugares, surge o interesse de investigar e compreender como essas informações musicais, teóricas e performativas são vistas e representadas imageticamente por seus executantes. Contudo, surge a questão sobre como a posição do músico, que também é ouvinte, gera um discurso que desloca o foco da análise do produto musical para as interações sociais e os impactos que essas interações têm sobre uma prática musical, interpretativa ou composicional. Enquanto categoria de engajamento social, como afirma Meintjes (1990, p. 43): "O estilo musical, neste sentido, é uma característica social intuitiva, sentida, que expressa forma e representa um sistema de coerência social." Nesta proposta analisaremos como essas interações são reveladas a partir de um conjunto imagético relativo à obra Penumbra desenvolvida no projeto de extensão referido.


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