Última alteração: 2021-04-29
Resumo
Destruído por um incêndio que atingiu a coleção Jean Boghici em 13 de agosto 2012, a tela Samba (1925), de Emiliano Di Cavalcanti, podia ser compreendida como uma síntese dos registros de danças populares brasileiras, tema que tornava-se popular desde fins do século XIX. A presente comunicação pretende percorrer esta revalorização dos bailados e danças brasileiras e sua recorrência nas representações artísticas, em especial no desenho, ilustração e pintura. Propomos a compreensão do sentido que assume Samba em paralelo a obras como o conjunto de desenhos de Cecília Meireles dedicado aos batuques de origem africana, as obras de Carlos Prado ou o Baile na Roça de Portinari. Procuraremos compreender de que modo as danças populares vieram a definir um modo de pensar a nacionalidade, à medida em que nos aproximamos dos anos 1930. Em paralelo, procuraremos compreender de que modo os bailados tradicionais são descritos e fixados em textos literários no mesmo período e como elementos de registro etnográfico criam as condições para que uma identificação entre nacionalidade e dança torne-se possível no caso brasileiro. Eventuais comparações com os registros de danças brasileiras realizados século XIX oferecerão um esteio histórico para a análise das obras do século XX, possibilitando um debate entre os dois tempos e uma leitura variada sobre um dos traços recorrentes da cultura brasileira.