Última alteração: 2021-04-29
Resumo
Miguel Archanjo Benício D'Assumpção Dutra (Itu,1812 – Piracicaba,1875), foi um dos protagonistas mais completos na produção artística, arquitetônica e musical em São Paulo no século XIX: exerceu múltiplas atividades, da construção de edifícios, arquiteturas efêmeras, retábulos à manufatura de esculturas devocionais, joias, e as famosas aquarelas que registraram uma província paulista construída em terra e pedra, edificações e paisagens aquareladas com detalhes valiosos. Assim, nos deixou um legado que testemunha, por obras, desenhos e manuscritos, sua grande habilidade além dos ofícios mecânicos, entre as quais a composição de músicas. Entre esses remanescentes encontramos um caderno com partituras para concertos e festas religiosas e um piano forte (acervo Museu Republicano de Itu – SP) que apresentam o mundo musical de Miguel Dutra: modelagem, ritmo, cor e representação da paisagem se integram com a imaterialidade da música e com a plasticidade de instrumentos, concebidos por esse verdadeiro arquiteto da obra de arte sacra total, e, confirmando a sua grande vocação como “armador de gala”, uma atividade que ainda celebrava, em meados dos Oitocentos, os triunfos monumentais emanados pelo Concílio de Trento.
Nota: esta pesquisa foi realizada em parceria com Msc. Silvana Meirielli Cardoso (História da Arte - UNICAMP), Dra. Anicleide Zequini (História da Arte - UNICAMP/ Museu Republicano-USP), e Dr. Emerson Castilho (Diretoria de Patrimônio Cultural de Itu). Assim, o texto resultante contará com a coautoria dos mesmos.