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ENTRE NOTAS E FREQUÊNCIAS: o arquivo da Banda de Música da Policia Militar da Paraíba
Amarilis Rebuá de Mattos

Última alteração: 2023-10-24

Resumo


O projeto Preservação de Acervos Musicais tem acontecido de forma continuada visando o Acervo Musical da Banda da Polícia Militar da Paraíba, o mais antigo acervo da Paraíba. Criada em 8 de outubro de 1867, esta Banda de Música possui efetivos com músicos na Capital, Campina Grande, Patos e Cajazeiras. Em 18 de agosto de 2015, tornou-se oficialmente Patrimônio Imaterial do Estado da Paraíba. Somente após a intervenção deste projeto, as ações emergenciais conseguiram eliminar as situações de risco que vinham sofrendo ao longo dos 156 anos, como a exposição às condições climáticas adversas, mal armazenamento e deterioração dos manuscritos autógrafos. Em 2019, foi realizado um diagnóstico no acervo da Banda e iniciando o processo de higienização e reorganização dos documentos musicais. Foram preparadas caixas organizadoras após higienização para armazenamento das partituras. Com o auxílio de um bolsista e de diversos colaboradores voluntários, foi possível realizar a higienização das partituras de todo o acervo, trocar as prateleiras de madeira que estavam com cupim, por prateleiras de zinco, além de confeccionar envelopes/pastas com tamanhos de acordo com os manuscritos para melhor conservá-los.

 

Figura 1: Situação do acervo antes e depois da intervenção emergencial

Após quatro anos, essa documentação musical saiu da situação de risco, podendo iniciar uma nova etapa visando a digitalização, transformando em PDF dos documentos manuscritos musicais. A digitalização foi iniciada pelas partituras mais antigas, com o intuito de preservar estes documentos e disponibilizar seu conteúdo para o público, tanto online quanto presencial. Com o início da digitalização, o acervo vem sofrendo uma constante revisão de acordo com o Livro de Tombo com o intuito de verificar a correta localização das obras e averiguação das que estão faltando. Foram colocadas aletas amarelas nas caixas para indicar os documentos extraviados.

 

Figura 2: Detalhe da tabela de controle de digitalização dos documentos musicais

Após sete meses de trabalho, foram digitalizadas mais de 3 mil páginas, entre Missas, Harmonias e alguns Dobrados em um total de124 pastas, sendo que cada uma contém em média entre 30 a 45 páginas.

Linhas de Pesquisa

Com o início dos documentos musicais digitalizados, as de Linhas de pesquisa neste acervo puderam ser definidas: a) Análise e revisão da catalogação dos dois Livro de Tombo de acordo com as normas atualizadas de busca; b) Paleografia musical para a identificação das caligrafias dos compositors e copistas; c) Construir uma curta narrativa biográfica dos compositors, copistas e músicos identificados nos documentos musicais; d) História da Banda através das partituras localizadas, analizando as intervenções caligráficas localizadas; e) Desenvolver uma Plataforma Digital com finalidade de inserir em sua Base de Dados as partituras digitalizadas, as biografias dos compositores, copistas e músicos da banda,  além de fotos, vídeos curtos da Banda e informar sobre suas atividades.

 

Figura 3: Detalhes dos recados por escrito dos autores direcionados aos músicos

Considerações Finais

Este projeto inovador, busca colocar este acervo histórico no cenário musical da Paraíba e do Brasil, com a difusão de seu conteúdo através dos meios tecnológicos atuais. Também pretende contribuir para os avanços no campo da musicologia histórica, abrindo novas perspectivas no campo da pesquisa musical, promovendo a preservação da memória musical paraibana e suas práticas, pois foram identificados cerca de 240 compositores, desconhecidos do grande público, como: H. Guerreiro, Camilo Ribeiro, José Neves, Cabrinha, João Eduardo Pereira, José Aprígio de Lima, Adauto Camilo, Joaquim Pereira, entre outros. Do ponto de vista técnico-científico, este estudo abre um leque para pesquisas posteriores, podendo envolver alunos de graduação e/ou pós-graduação em música, educação musical, arquivologia, biblioteconomia e tecnologia da informação.

Referências

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos Permanentes: tratamento documental. 2 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

COTTA, André Guerra; BLANCO, Pablo Sotuyo (Org.). Arquivologia e patrimônio musical. Salvador: EDUFA, 2006.

CASSARES, Norma Cianflone; MOI, Cláudia. Como Fazer Conservação Preventiva em Arquivos e Bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial, 2000.

LOPES, L. C. A nova arquivística na modernização administrativa. 2. ed. Brasília: Projecto, 2009.

Palavras-chave


Musicologia; Arquivologia; Conservação de Acervos