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História institucional da música erudita no Espírito Santo: análise crítica da bibliografia
Última alteração: 2023-10-24
Resumo
O período recente da pesquisa musicológica histórica no Brasil tem sido caracterizado pela ampliação de seus objetos de pesquisa, abarcando estudos que, do ponto de vista geográfico, se estendem desde assuntos “nacionais” aos “regionais” e “locais”. Essas categorias procuram dimensionar o campo de irradiação de determinadas práticas, ações, pensamentos e debates, buscando, ao mesmo tempo, dar conta das especificidades que determinados problemas de pesquisa apresentam, bem como das generalidades que objetos circunscritos possuem, devido ao diálogo com problemáticas mais amplas. Essa situação reflete os fluxos simbólicos que permeiam as práticas culturais nas sociedades contemporâneas, impossibilitando qualquer rigidez categórica que poderia esvaziar os sentidos das ações dos sujeitos no meio social e seus reflexos na cultura e na história.
Sendo assim, esta proposta de comunicação se insere no campo da musicologia local, tendo como objeto de investigação as narrativas históricas sobre a história institucional da música erudita no Espírito Santo. Objetivamos apresentar uma reflexão preliminar sobre seus processos de institucionalização, destacando as ações dos agentes históricos envolvidos, as continuidades e descontinuidades dos projetos políticos, educacionais e culturais implementados, e seus desdobramentos na formação profissional de músicos e musicistas, e na oferta de serviços culturais pelo Estado.
Pensar a história da música no Espírito Santo, de maneira geral, é um exercício complexo. Primeiro, não se pode falar de uma história consolidada, no sentido de haver alguma publicação que busque realizar uma discussão aprofundada sobre a bibliografia existente, possibilitando uma compreensão mais ampla sobre as atividades musicais realizadas. Segundo, as publicações existentes tratam de temas diversos, e existem poucas publicações sobre um mesmo tema. Terceiro, parte expressiva dessas publicações não foram realizadas dentro de contextos institucionais de pesquisa acadêmica na área de música, sendo realizadas em áreas, como jornalismo e história, gerando um conhecimento histórico musical que, em certos momentos, tende a perder de vista aspectos importantes do fazer musical. Dado esse quadro, esta pesquisa busca realizar uma análise da bibliografia sobre a história institucional da música no Espírito Santo para iniciar um processo de compreensão de como essa história foi escrita, quais são suas fontes, quais discursos foram formados, e como foram realizadas as explicações sobre os processos históricos estudados.
Para realizarmos essa tarefa, empreendemos um recorte bibliográfico com as seguintes publicações: Escola de música do Espírito Santo: 50 anos de história, de Regina Célia Nava Martins (2006); Notas sobre a Fames: a história da primeira instituição de ensino musical do Espírito Santo, de Catarina Mattedi Carneiro e Daniela Ramos Ribeiro (2010); Da capo: de volta às origens da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, de Juca Magalhães (2014); e Entre lares, lyceus e liturgias: professores de música nas escolas do Espírito Santo, vestígios de histórias não contadas (1843-1930), de Ademir Adeodato (2016).
Ao realizar a leitura do títulos é possível observar que a história institucional da música capixaba enfatiza as instituições de ensino musical, sendo o trabalho de Magalhães (2014) uma exceção, já que trata da história da formação da orquestra estadual. Contudo, é importante destacar que a fundação da atual Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES) só foi possível através das atividades de prática musical coletiva da Escola de música do Espírito Santo, como é apontado por Magalhães (2014) e Martins (2006). Dessa forma, pretendemos apresentar de que maneira as instituições de ensino musical atuaram para o desenvolvimento profissional da música capixaba, do acesso à formação musical, e a oferta de bens culturais para a sociedade.
Referências
ADEODATO, ADEMIR. Entre lares, lyceus e liturgias: professores de música nas escolas do Espírito Santo, vestígios de histórias não contadas (1843-1930). 2016. 258 p.. Tese (Doutorado em Música) – Programa de Pós-Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
CARNEIRO, Catarina M.; RIBEIRO, Daniela R. Notas sobre a Fames: a história da primeira instituição de ensino de música do Espírito Santo. Vitória: DIO, 2010.
MAGALHÃES, Juca. Da capo: de volta às origens da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. 2. ed. Vitória: Editae Studio, 2011.
MARTINS, Regina Célia Nava. Escola de Música do Espírito Santo: 50 anos de história. 2006. 26f. Monografia (Pós-Graduação em Docência para o Ensino Superior) - Faculdade Batista de Vitória- FABAVI, Vitória, 2006.
Sendo assim, esta proposta de comunicação se insere no campo da musicologia local, tendo como objeto de investigação as narrativas históricas sobre a história institucional da música erudita no Espírito Santo. Objetivamos apresentar uma reflexão preliminar sobre seus processos de institucionalização, destacando as ações dos agentes históricos envolvidos, as continuidades e descontinuidades dos projetos políticos, educacionais e culturais implementados, e seus desdobramentos na formação profissional de músicos e musicistas, e na oferta de serviços culturais pelo Estado.
Pensar a história da música no Espírito Santo, de maneira geral, é um exercício complexo. Primeiro, não se pode falar de uma história consolidada, no sentido de haver alguma publicação que busque realizar uma discussão aprofundada sobre a bibliografia existente, possibilitando uma compreensão mais ampla sobre as atividades musicais realizadas. Segundo, as publicações existentes tratam de temas diversos, e existem poucas publicações sobre um mesmo tema. Terceiro, parte expressiva dessas publicações não foram realizadas dentro de contextos institucionais de pesquisa acadêmica na área de música, sendo realizadas em áreas, como jornalismo e história, gerando um conhecimento histórico musical que, em certos momentos, tende a perder de vista aspectos importantes do fazer musical. Dado esse quadro, esta pesquisa busca realizar uma análise da bibliografia sobre a história institucional da música no Espírito Santo para iniciar um processo de compreensão de como essa história foi escrita, quais são suas fontes, quais discursos foram formados, e como foram realizadas as explicações sobre os processos históricos estudados.
Para realizarmos essa tarefa, empreendemos um recorte bibliográfico com as seguintes publicações: Escola de música do Espírito Santo: 50 anos de história, de Regina Célia Nava Martins (2006); Notas sobre a Fames: a história da primeira instituição de ensino musical do Espírito Santo, de Catarina Mattedi Carneiro e Daniela Ramos Ribeiro (2010); Da capo: de volta às origens da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, de Juca Magalhães (2014); e Entre lares, lyceus e liturgias: professores de música nas escolas do Espírito Santo, vestígios de histórias não contadas (1843-1930), de Ademir Adeodato (2016).
Ao realizar a leitura do títulos é possível observar que a história institucional da música capixaba enfatiza as instituições de ensino musical, sendo o trabalho de Magalhães (2014) uma exceção, já que trata da história da formação da orquestra estadual. Contudo, é importante destacar que a fundação da atual Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES) só foi possível através das atividades de prática musical coletiva da Escola de música do Espírito Santo, como é apontado por Magalhães (2014) e Martins (2006). Dessa forma, pretendemos apresentar de que maneira as instituições de ensino musical atuaram para o desenvolvimento profissional da música capixaba, do acesso à formação musical, e a oferta de bens culturais para a sociedade.
Referências
ADEODATO, ADEMIR. Entre lares, lyceus e liturgias: professores de música nas escolas do Espírito Santo, vestígios de histórias não contadas (1843-1930). 2016. 258 p.. Tese (Doutorado em Música) – Programa de Pós-Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
CARNEIRO, Catarina M.; RIBEIRO, Daniela R. Notas sobre a Fames: a história da primeira instituição de ensino de música do Espírito Santo. Vitória: DIO, 2010.
MAGALHÃES, Juca. Da capo: de volta às origens da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. 2. ed. Vitória: Editae Studio, 2011.
MARTINS, Regina Célia Nava. Escola de Música do Espírito Santo: 50 anos de história. 2006. 26f. Monografia (Pós-Graduação em Docência para o Ensino Superior) - Faculdade Batista de Vitória- FABAVI, Vitória, 2006.
Palavras-chave
História institucional; História da música capixaba; Análise bibliográfica