O Congresso Brasileiro de Iconografia Musical, organizado pelo RidIM-Brasil (Repertório Internacional de Iconografia Musical Projeto nacional de indexação, catalogação, pesquisa e divulgação do patrimônio iconográfico musical no Brasil) de forma bienal e itinerante, hoje em sua 8ª edição, tem como objetivo congregar pesquisadores, técnicos, profissionais, docentes e estudantes das áreas de Música, Musicologia/Etnomusicologia, História(s), Antropologia, Arqueologia, Artes Visuais/Audiovisuais, Museologia, Conservação, Ciência da Informação e demais áreas afins, interessados nas fontes visuais relativas à cultura da Música enquanto objeto de estudo, tanto em nível nacional quanto internacional, promovendo o intercâmbio de experiências, pesquisas e informações.
Nesta 8ª edição o evento promoverá, ao longo de cinco dias de programação, reflexões e trocas sobre o tema “Iconografia Musical em perspectiva global: fluxos, trânsitos, transculturação”.
A intensificação sempre crescente das trocas e da circulação global suscitou e vem suscitando, em distintos campos das ciências humanas, abordagens sistêmicas sobre os fenômenos que buscam elucidar, desde o último terço do século XX, as dinâmicas de interdependência em âmbito planetário, sua gênese, sua historicidade, seus mecanismos, suas assimetrias e seus efeitos. A “história global”, “mundial” ou “conectada” (dentre cujos mais notórios acadêmicos é mister referir William McNeil, Matthias Middell, Bruce Mazlish, Arif Dirlik, Sanjay Subrahmanyam), as teorias da dependência e do sistema-mundo (Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos, Vania Bambirra, Immanuel Walerstein, dentre outros) são exemplos notórios de uma tendência que, sob impacto dos estudos pós-coloniais, se afirma desde ao menos a década de 1970/80 e vem se desdobrando mais recentemente sobre outras áreas. Um exemplo disso é a emergência, nas últimas décadas, da vertente “global” da história da arte, marcada tanto por uma atenção às dinâmicas de fluxo transnacional, de interconectividade e transculturação quanto pela expansão do cânon a artefatos ou processos artísticos antes confinados às periferias de uma disciplina original e tradicionalmente eurocentrada. A historiografia da música, a musicologia e a etnomusicologia vêm já há algum tempo dando igualmente passos nessa direção, seja reavaliando noções sedimentadas acerca da direção do fluxo cultural entre centro e periferia, e identificando a influência de manifestações musicais periféricas sobre a música europeia (p. ex. Rogério Budasz, Olivia Bloechl), seja adotando perspectivas que extrapolam recortes nacionais, como estratégia de abordagem de fenômenos que envolvem interações complexas e transnacionais (p. ex. Leonardo Waisman, Javier Marín-López, Timothy Taylor, Susana Sardo, para citar apenas alguns exemplos), seja propondo uma vertente expressamente “global” para a historiografia da música e para a musicologia (Reinhard Strohm; Daniel K. L. Chua).
Nesta edição do Congresso Brasileiro de Iconografia Musical (CBIM) pretende-se provocar reflexões acerca da Iconografia Musical em perspectiva multidisciplinar, como é costumeiro nos CBIM, acolhendo propostas oriundas de estudiosos todas as vertentes das artes, das ciências humanas e sociais (puras ou aplicadas), incitando todos os interessados a atentarem para as dinâmicas de trânsito, transculturação e hibridação, para os fluxos e conectividades nos quais (e dos quais) emerge a iconografia musical em suas diversas formas e tipologias.
O tema geral do 8º Congresso Brasileiro de Iconografia Musical, se desdobrará nos seguintes eixos temáticos:
a) Iconografia Musical em fluxo: criação, produção, circulação e recepção de imagens relativas às culturas musicais e seus modelos; dinâmicas de transculturação, hibridação, contaminação, contágio; relações entre centro, margens, periferia;
b) Iconografia Musical enquanto objeto de pesquisa: abordagens ontológicas, epistemológicas, teóricas, práticas, metodológicas, processuais, técnicas e/ou informacionais, com ênfase nas suas vertentes pós- e decoloniais;
c) Aspectos culturais, éticos, técnicos, tecnológicos, patrimoniais, museológicos em torno da criação, produção, circulação, usos e funções da iconografia relativa à música.
Durante os cinco dias do evento, a ser realizado pelo Instituto de Artes da UERJ, Programa de Pós-graduação em História da Arte (PPGHA), esses eixos temáticos serão desenvolvidos em conferências, palestras, mesas redondas e comunicações. As submissões de comunicação serão avaliadas por pares segundo o sistema blind-peer review, por meio do sistema OJS do RidIM-Brasil.
Os textos aprovados e apresentados serão publicados nos Anais do evento pelo RIdIM-Brasil. Os textos das conferências e palestras serão organizados em livro eletrônico a ser publicado pela UERJ em parceria com o RIdIM-Brasil, incluindo os textos das comunicações merecedoras do Prêmio RIdIM-Brasil 2025.