Última alteração: 2015-06-20
Resumo
Se a gênese dos informes noticiosos acerca do aparecimento do profeta cearense se deu no ano de 1874, em Sergipe, as primeiras imagens do beato que começaram a circular, no Brasil, são datadas, possivelmente, do final de 1895; sendo, todavia, o ano de 1897, época do grande conflito e do arrasamento de Canudos, o período de maior circulação de imagens impressas em jornais da capital da nação, nos volantes das cidades nordestinas e folhetos diversos. Essas imagens, que tardiamente passaram a circular, são litogravuras e, às vezes, xilogrvuras publicadas em periódicos nordestinos, que utilizaram, como ponto de partida, para a criação do retrato falado do profeta, o relatório do capuchinho Frei Evangelista do Monte Marciano que esteve em Belo Monte em maio de 1895. Como os documentos imagéticos que se preservaram foram aqueles articulados durante a Campanha de Canudos, muitas dessas representações estão sobrecarregadas de grande carga de intolerância, que beiram, por vezes, o etnocentrismo. Lê-se, constantemente como título dessas imagens, frases provocativas que desqualificam o trabalho do peregrino Conselheiro. Palavras como; fanático, megalomaníaco, asceta, messias esquálido, inimigo da república, psicótico místico, líder político dos desvalidos e sem terra, dentre outras. Baseado em documentos, fotografias e gravuras, este trabalho intenta abordar sobre a estética e o modus operandi do repertório imagético articulado em torno de Antônio Conselheiro, bem como discorrer sobre o propósito das exposições em jornais e outros veículos de comunicação de modo que se possa realçar as memórias do evento denominado Guerra de Canudos.
PALAVRAS-CHAVE: ANTÔNIO CONSELHEIRO. ICONOGRAFIA CONSELHEIRISTA. GRAVURAS DE JORNAIS