Última alteração: 2020-04-11
Resumo
Emygdio atuou intensamente como copista, mas também foi flautista, compositor e comerciante. Em suas cópias costumava se expressar através das mencionadas caricaturas, que têm temas variados, podem ser sobre o trabalho que estava realizando, sobre o momento que estava vivendo ou sobre os músicos e pessoas ao seu redor. Sua atividade foi da maior importância para a vida musical em Campinas na segunda metade do século XIX. Neste artigo é abordada a iconografia que colocou sobre os manuscritos musicais e como essa atitude se integra com o fazer musical ou musicking, na linha proposta por Christopher Smaal, que considera que todos os elementos de uma peça musical, inclusive os extra-musicais, estão envolvidos e formam uma teia de sentidos agregados. A vida de Emygdio correu sem grandes arroubos, viveu durante quase toda a sua vida em sua terra natal. Foi um músico como tantos outros que, trabalhando em uma função basilar, mas pouco valorizada atualmente, a de copista, foi primordial para a sobrevivência da música brasileira dos séculos XVIII e XIX. Entretanto, tem a peculiaridade de ter sido também desenhista. Algumas das caricaturas que produziu serão apresentadas e analisadas como um registro iconográfico, na medida em que tais intervenções integravam uma ampla rede de eventos que, extrapolando a execução de determinada peça musical, esclarecem, mais de um século e meio depois de sua confecção, elementos do musicar local de sua época.