Última alteração: 2020-04-11
Resumo
O trabalho trata de alguns vieses da abordagem epistemológica da iconografia musical no Brasil a partir do surgimento do interesse sobre o tema, partindo do estudo Três séculos de iconografia musical no Brasil da autora Mercedes Reis Pequeno e abordado no âmbito do livro Estudos luso-brasileiro de iconografia musical, organizado pelo RIdIM-Brasil e publicado pela EDUFBA em 2016. Beatriz Magalhães Castro, ao abordar o assunto no referido livro, lembra-nos da ligação ontogênica entre o estímulo a trabalhos que enfatizassem a percepção identitária em formação, em um ambiente de crescente nacionalismo. As matrizes especulativas que emolduravam estes trabalhos partiam, invariavelmente, de uma visão memorialista e historicizante que levaram a uma visão científica de cunho empirista em seu sentido mais profundo: o papel sensório-especulativo a partir da experiência, enquanto o pragmatismo estabelecia os desdobramentos práticos na construção de sentido de uma dada experiência. No caso das investigações iconográficas e iconológicas brasileiras vemos uma variação de abordagens que vão de uma ortodoxia alinhada à construção do concreto como um meta-signo, como uma dobradura de significantes, ora atuando como disseminador, ora em acepção negativa (assêmica), também constantes do discurso para-musical na segunda metade do século XX e as abordagens baseadas na interpretação iconológica proposta pelo historiador Erwin Panofsky e baseada na “interpretação sintomatológica” (iconológica) que pode nos levar a uma atitude para além dos estudos iconográficos: a descoberta de uma simbologia inconsciente e assimétrica, tanto em relação aos achados iconográficos, quanto reveladoras de novos e imprescindíveis achados.