Última alteração: 2023-06-07
Resumo
A História encarrega-se de narrar um conjunto de factos e acontecimentos sociais, políticos, institucionais, culturais, económicos, etc, do passado, considerados relevantes à evolução de um povo, de um Estado, ou da Humanidade. Deste modo, o estudo científico que aqui realizamos, permite determinar a pertinência de certos fenómenos no seio de uma família. Trata-se da família (e do seu círculo íntimo de amigos) de José de Azevedo Mascarenhas Relvas (Golegã, 5 de Março de 1858 – Alpiarça, 31 de Outubro de 1929).
Com o estudo iconográfico-musical aqui realizado pretende-se relacionar objectos com dois conceitos presentes neste círculo relacional da família – a Música e o Efémero, permitindo-nos determinar a lógica da sua presença e o porquê de determinados acontecimento e de determinados fenómenos.
A Música foi arte presente na Casa dos Patudos e na família Relvas. Quiçá, uma das mais importantes e ponto comum, pois todos sabiam música. A par e passo com a Música temos o conceito de Efémero, entendendo-se como algo fugaz, passageiro, transitório. E como se capta a efemeridade, não se podendo captá-la de forma alguma? Através do olhar que colocamos nas obras de arte. Aí podemos chegar ao Efémero. A efemeridade da Glória pessoal (e musical), plasmada no desenho a carvão de José Malhoa, “Glória e Vinhos”; ou a passagem efémera e irrepetível de cada arcada da violoncelista captada pelo traço rápido (também efémero e irrepetível) do mesmo artista.
O conjunto de reflexões e juízos artísticos aqui presentes são despretensiosas considerações sobre as memórias iconográfico-musicais e efémeras da Casa dos Patudos. Talhamos tais análises baseados em metodologias científicas deste domínio de estudos, mas, acima de tudo, com um olhar atento à história musical da Casa (agora Casa dos Patudos, Museu de Alpiarça), da própria família Relvas e do círculo de amigos e convidados. Pretende-se responder às seguintes questões:
1 - Qual o papel de José Malhoa (pintor, amigo da família e autor dos dois esboços aqui analisados) na dinâmica musical e familiar da casa?
2 – Qual o papel na História da Música portuguesa de José Relvas, violinista, através da caricatura “Glória e vinhos?”
3 – Como se pode analisar e interpretar a violoncelista anónima esboçada por Malhoa?
4 – Qual o papel dos cordofones enquanto instrumentos de eleição nestes dois esboços?
5 – Como podemos apreciar nos esboços a questão da música e do efémero dentro do espírito deste tempo?
6 – Onde se encontram, fisicamente, no percurso expositivo actual da Casa-Museu dos Patudos, estes dois esboços? Como são enquadrados, apreciados e valorizados dentro da colecção e do ponto de vista da actual curadoria?